terça-feira, 16 de junho de 2009

Aqui PE: uma nova realidade para a comunicação


Pernambuco vem se deparando com uma nova linha jornalística que está causando agitação entre leitores e jornais concorrentes do estado. Como o seu próprio editorial descreve, ‘sem frescuras, sem lero-lero, sem meias palavras’, o Aqui PE surge com a proposta de aproximar as classes C, D e E do meio informativo. Ele reaviva uma camada social, antes sem participação efetiva na comunicação, para compartilhar as notícias que acontecem no mundo.

Utilizando termos como: grana, vovozinha, gaia, defunto, xadrez (cadeia), endoidar, o jornal repercute com reações distintas entre os que o lêem. O ‘povão’ adere com o formato proposto pelo Aqui PE, até porque seu preço, R$ 0,25 , é bem acessível à classe direcionada. Já os mais conservadores, não aceitam essa ‘difusão lingüística coloquial’, argumentando a falta de qualidade e o menosprezo não só com a categoria jornalística, mas também com a própria população. O progresso da comunicação não pode ficar preso ao conservadorismo, principalmente, se esse interrompe um processo de adesão entre grupos sociais.

O jornalista Ricardo Noblat, em seu livro A arte de fazer um jornal diário, chega a um ponto às vezes esquecido entre o meio comunicacional: “é dever da imprensa mostrar o que é de interesse público e o que interessa ao público”. Ou seja, os leitores possuem o direito de ter opções, de formas e conteúdos diversificados, para que possam escolher de acordo com seu interesse e gosto, não deixando assim, de se manter informado com o que acontece ao seu redor. Com uma linguagem coloquial e tratando de assuntos corriqueiros de forma descontraída, o Aqui PE agrada e se torna um jornal favorito entre seus consumidores.

Mas o que justificativa a afinidade desses leitores com a ‘nova forma jornalística’ do Aqui PE? A resposta para tal questão tem âmbito político-social. A característica implicada à preferência desses grupos está relacionada à educação (ou a ausência dela) que tiveram. A carência de instrução, a falta de complementação do ensino médio, tendo apenas sidos alfabetizados, o trabalho precoce na infância podem ser explicações para essa aderência com o novo formato jornalístico, pois por questões de falta de investimento do governo, essa parte da população deixou de cumprir com seus direitos de obter, no mínimo, um nível médio de ensino.

A omissão dos deveres políticos contribuiu, e ainda contribui, para expressões como transa de tirar o fôlego, Brasil mete lapada no Egito ou escapou fedendo de três tiros estarem estampadas nas manchete. Hoje são essas camadas ditas como baixas, antes decorrentes de um meio, que aplicam e estimulam o seu modo de viver à sociedade, tendo, até mesmo, influência na formação dos meios de comunicação.

Para aqueles que se dizem ofendidos com o Aqui PE, não se sintam. Ele veio para romper essa barreira e preconceito. A linha editorial foi além do que os próprios donos do jornal esperavam, estão promovendo a inclusão social na comunicação. Pernambuco não ganhou mais um jornal, mas é o Aqui PE que está ganhando o povo. Cá entre nós: Neguinho tá mostrando pro que veio!

Um comentário:

Pablo disse...

O Estadão publicou recentemente uma história de uma italiana que teria escapado de morrer no voo do AF 447 pra sofrer um acidente na Áustria. A história toda foi desmentida pelo marido dela.
Quem será que merece mais crédito? Um jornal tido como sério que divulga notícias falsas, ou um com fama de popular, mas que ao menos é verdadeiro no que publica?
O importante é a verdade chegar ao público. E se é esse o formato preferido pelo "povão", por mim, tudo bem.